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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Matemática - Kumon para pré escolares

Hoje vou falar de um método diferente: Kumon. Muitas gente já deve ter ouvido falar, mas poucos conhecem de verdade. Quando eu era criança, pensava que Kumon era como uma aula de reforço, para crianças maiores e com dificuldades na escola. Foi uma grande amiga, descendente de japoneses e com filhos pouco mais velhos que os meus, que me contou sobre o Kumon para pré escolares. Na mesma época, estava tentando ensinar matemática para minha filha mais velha através do método Doman (reconhecimento de bolinhas vermelhas dispostas de maneira aleatória em um cartão de 30 x 30 cm), mas não via progresso. Resolvi conhecer o Kumon.
Na época estava em Belo Horizonte e liguei para a central de lá, perguntando se poderiam me indicar alguma unidade com experiência em pré escolares. A coordenadora foi muito atenciosa. Me explicou que quase ninguém tinha experiências com crianças tão pequenas, mas que havia uma professora que havia começado a usar o método com o próprio filho quando ele ainda tinha 2 anos. Talvez ela pudesse aceitar minha filha, na época com a mesma idade. Essa pessoa maravilhosa não só aceitou o desafio como destinou uma assistente para acompanhar minha filha durante todo o período na unidade(por 1 hora, duas vezes por semana). Para deixar tudo mais divertido e ainda estimular a coordenação motora, ela fazia as atividades do dia e depois brincava de lego, de massinha ou de colorir com a assistente. Também liam livros infantis e fazim jogos tipo memória. Nos dias em que ela não tinha aula na unidade, fazia as atividades em casa. Como um dos objetivos do Kumon é criar hábito de estudo, ela fazia algumas folhinhas todos os dias.
Nessa época ela já sabia a sequência numérica até 50, mas quando ia contar uma quantidade maior de objetos ela se perdia, pois contava o mesmo desenho 2 vezes ou deixava de contar outros. Era como se apontar as figuras e falar a sequência numérica fossem duas coisas dissociadas. Ela começou do primeiro estágio e isso permitiu corrigir essas deficiências e formar uma base sólida para os conteúdos que viriam. Hoje, com 5 anos, ela está fazendo o estágio C (multiplicação armada). Acha matemática fácil e gosta de aprender coisas novas. Tudo porque teve uma base sólida. É claro que algumas vezes ainda fica insegura ou enrola para começar a fazer algum bloquinho por querer brincar, mas já entende a importância da disciplina e do esforço, além de dizer que seus filhos farão Kumon desde pequenos. Não é um bom sinal?
Vou descrever como funcionam os estágios iniciais. É importante lembrar que a criança avança em seu próprio ritmo de aprendizado, e não pela sua idade ou pela sua série escolar.
7A- O primeiro estágio. A criança vai aprender a contar até 10 relacionando com a quantidade e com o numeral. Depois, aprenderá a contar bolinhas vermelhas (nada me tira da cabeça que a matemática do método Doman se inspirou no kumon), mas aqui as bolinhas aparecem organizadas em fileiras de 5 bolinhas. A crianças aprende a reconhecer a quantidade só de olhar para as bolinhas e ainda começa, sem ser cobrada, a fazer as primeiras inferências sobre adição. (5 bolinhas mais uma bolinha são 6 bolinhas) e multiplicação (2 fileiras de 5 bolinhas são 10 bolinhas). Outra coisa interessantíssima. Desde o início das bolinhas, as crianças são orientadas a contar da esquerda para a direita e de cima para baixo. Fundamental para desenvolver a lateralidade, o que facilitará (e muito) a leitura). Nesse primeiro estágio, a criança não precisa nem pegar no lápis.


6A- É a continuação do estágio 7A. As crianças aprendem a contar, reconhecer as quantidades e os numerais até o 30.

5A- Estágio voltado para trabalhar a concentração e coordenação motora. Começam a trabalhar com o lápis, inicialmente traçando linhas verticais, curtas e com espaços largos. Aos poucos, o espaço se torna mais estreito, o traçado mais longo e os trajetos mais complexos( linhas horizontais, linhas curvas, voltas, etc). Na segunda parte do estágio, existem alguns exercíos de ligar pontos, que ajudam a reforçar a sequência numérica e alguns para que a criança comece a aprender a traçar os numerais.

4A. Reforçar a sequência numérica até o 100, o sentido da leitura(da esquerda para a direita e de cima para baixo). Muitas atividades para treinar a escrita dos numerais. Noção de dezena e unidade, contar de 10 em 10.

3A. Sequência numérica até o 220. Adição (começam com + 1 e aumentam progressivamente)

2A. Subtração (Corresponde ao conteúdo do atual primeiro ano do fundamental-antigo pré)

A. Adição e subtração de números maiores (Conteúdo da antida primeira série-atual segundo ano)

B. Adição e subtração armadas. Problemas.

C. Multiplicação (tabuada e depois multiplicação armada, com níveis de dificuldade progressivos). Início da divisão
D. Divisão metal e armada, divisores, MDC, MMC
E.Frações
F. Frações
G, H,I: algebra básica e equações
J,K,L,M,N,O: aplicação das capacidade e conhecimentos adquiridos
Bom...não posso falar além do estágio C, que é o que conheço bem, mas o que vejo com o Kumon é que ele realmente dá uma base sólida para as crianças. Claro que não é perfeito. Acho que trabalham pouco o raciocínio e que deixam de fora algumas matérias importantes. Por outro lado, a sólida base de cálculo facilita o aprendizado de todos os outros conteúdos, além de tornar a criança mais confiante em suas capacidades. O que vejo hoje em dia é que todas as escolas estão muito preocupadas em ensinar brincando, em fazer a criança entender e não decorar. É tudo muito lindo na teoria, mas na prática não funciona. É claro que é ótimo aprender de forma divertida e é fundamental que o aluno entenda o que está fazendo, mas evoluir na matemática sem saber na ponta da língua os "fatos" e a tabuada é impossível. Funciona bem para as contas simples, mas na hora de fazer as mais complexas ou de fazer um cálculo mental no dia a dia não é nada eficiente ficar usando os dedos. Por isso, recomendo começar cedo com o Kumon, trabalhando em paralelo noções de matemática com materiais concretos e jogos, sempre mostrando como aplicar o conhecimento no dia a dia.
Dicas:
1. Para quem por algum motivo não quiser ou puder matricular os filhos no Kumon, existem o Kumonbooks, vendidos no site do Amazon e que podem ser entregues pelo correio. O material é em inglês, mas dá para aproveitar bem. Estes livros são bem coloridos e têm praticamente todo o material do kumon dado no curso, só que com um número de repetições bem inferior. Existe uma sequência de livros a serem trabalhados que é encontrada no verso de cada volume e orienta as compras. Outra vantagem é a presença de livros com assuntos não trabalhados no curso, como desenho, recorte, dobradura, colagem, ver a horas e fazer labirintos.


2. Para quem for a uma unidade, procure uma orientadora com experiência em pré escolares e, se possível, que também seja mãe. Fuja daquelas que não são flexíveis. A criança deve começar se sentindo confortável, com pouco material por dia e com um assunto relativamente fácil. Com o tempo, ela vai ficando mais confiante e concentrada, e aí a quantidade de material pode ser aumentada aos poucos.

3. Não se importe em repetir várias vezes o mesmo bloco. Muitas vezes isso é necessário, principalmente para as crianças menores. Por outro lado, desconfie se a criança mostrar-se muito segura ao fazer os exercícios e tiver que repetir diversas vezes apenas por não ter atingido o tempo estipulado. É natural que crianças menores façam as atividades em um tempo mais longo por terem uma coordenação motora um pouco menos desenvolvida e um menor período de concentração. É preciso conversar com a orientadora e manter o bom senso.

4. Não matricule a criança em todas a matérias de uma vez. Comece com uma e só coloque outra quando a criança se sentir confortável com a primeira. No casos das crianças que fazem mais de uma matéria, é preciso diminuir o número de folhinhas de cada uma para não deixar o processo estressante.

5. O Kumon tem também um aplicativo gratuito no ipad para treinar o traçado da letra bastão. É só buscar Kumon que vocês o encontrarão .

6 comentários:

  1. Oi, Tati!

    Em primeiro lugar parabéns pelo blog. Eu também tinha essa ideia de que o Kumon era apenas para crianças com dificuldade em matemática. Seu post foi muito esclarecedor. Sobre os Kumonbooks, já existem em português nas livrarias nacionais. Até tinha pedido alguns que achei em promoção, no Livraria Marca Fácil, e devem estar chegando em breve. Compartilho com você a impressão de que as escolas parecem exagerar um pouco na ideia de que tudo seja brincadeira, sem forçar nada... "A criança tem que contruir seu próprio conhecimento..." No início acho até válido, mas chega um momento do aprendizado que é preciso memorizar os fatos para evoluir em questões mais complexas. Quero ver uma criança construir sozinha, de forma lúdica, seu conhecimento da fórmula de Bhaskara! :P

    Parabéns pelo blog!

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  2. Oi Aninha! Fico feliz em saber que, pelo menos para uma pessoa, o post foi útil. Já vi os Kumonbooks em português também na livraria cultura, mas o número de livros traduzidos é muito pequeno. Eles traduziram os mais básicos(recortar, traços, adição simples), mas apenas como uma forma de divulgar o método. Não dá para usar como substituto do curso pois não existe material suficiente. Sobre multiplicação, por exemplo, só traduziram o primeiro, que só trata de multiplicação até o 2.
    Concordo também com o que disse sobre o ensino. Se uma pessoa tiver que deduzir sozinha toda a teoria por trás da física e matemática antes de programar um computador, quando conseguir(se conseguir) já estará velho demais. A escrita é um marco na evolução do homem justamente por permitir que ele passe o conhecimento adquirido para as gerações seguintes. Se alguém absorve de forma rápida e eficiente o que já foi descoberto até aqui, terá mais tempo e substrato para desenvolver novas tecnologias e descobrir fatos novos.

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  3. Tatiana, parabéns pelo site e pelo trabalho que faz com suas crianças. Gostaria de saber se você tem usado o Soroban - ábaco japonês - com eles.
    Deus vos abençoe!
    Clau

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    1. Não tenho usado o Soroban não. Acho a idéia muito interessante, mas há alguns anos procurei e não encontrei quem ensinasse a técnica em Brasília. Ano passado fiquei sabendo que o método "supera "trabalha com o método, mas minha filha de cinco anos já estava evoluindo bem com o Kumon e achei que valeria a pena usar este tempo com alguma outra atividade diferente de matemática.

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    2. Olá Tatiana.

      Parabéns pelo post !
      Após muita leitura comprei alguns livros do Kumon para meu filho.
      Oriento e acompanho a execução das atividades duas vezes na semana por uma hora.
      Nós adoramos! Mas estou preocupada gostaria de comprar mais livros e como vc relatou nas livrarias aqui no Brasil tem poucas opções.Você conhece algum site ou escola que venda estes livros?Pode ser em inglês.

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  4. Estou adorando o blog!
    Mt esclarecedor este post!

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